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Dishonored (PC/PS3/X360) - Game de Ponta







Em tempos de Assassin'sCreed 3 e Call ofDuty: Black Ops 2, alguns bons jogos acabam passando batido pelo público. E isso é algo normal; afinal, títulos da força desses dois acabam por eclipsar boa parte dos lançamentos que chegam em datas próximas aos seus. E ainda que boa parte dessas vezes os títulos deixados de lado são medianos, nada originais ou ruins mesmo, e nada ou pouca coisa se perde ao ignorá-los, isso nem sempre é o caso. E é nessa última categoria que podemos encaixar Dishonored. O novo jogo da Arkane Studios (que já havia entrado no radar do gamers em com Dark Messiah of Mightand Magic), lançado no dia 09 de outubro para PS3, X-Box 360 e PC, que acabou gerando expectativas um tanto aquéns do que deveria, pelo menos entre os players brasileiros – coisa que ficou bem evidente no estande do jogo na Brasil Game Show que, apesar de contar com 4 consoles com o game, estava quase sempre vazio -, ainda que estivesse sendo lançado pela sempre competente Bethesda. E também, principalmente, porque promete ser um dos melhores jogos do ano e grande candidato a qualquer título de GOTY, mesmo com o tio Connor e o tio Desmond na disputa.




O jogo


Dishonored é um jogo de ação stealth com perspectiva em primeira pessoa. O jogo segue o esquema de mundo aberto, mas de um modo diferente do convencional: ao invés de fornecer um grande mapa com várias side-quests e uma missão principal, onde se há a liberdade de se explorar qualquer lugar como bem entender (como acontece nos últimos jogos das duas maiores franquias da Bethesda, Elder Scrolls e Fallout), a questão da liberdade aqui se dá de modo diferente: ao invés de liberdade de exploração, Dishonored oferece ao jogador uma total liberdade de execução. Ao invés do mundo aberto com diversas missões que consistem sempre em ir até um determinado ponto do mapa, matar todo mundo e recuperar certo item, as fases de Dishonored são “caixas fechadas” que podem ser acessados em apenas determinados momentos, e onde há apenas uma única missão: assassinar alguém. Mas o modo que isso será feito é totalmente à escolha do jogador, que pode sair como uma verdadeira máquina de guerra matando todos que apareçam à sua frente, ser uma assassino silencioso ou mesmo ser um cara legal e não matar ninguém, sendo Dishonored o único jogo de ação, talvez em todos os tempos, que fornece a possibilidade de finalizar sua história sem derramar uma única gota de sangue.



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Esse tipo de liberdade fica bem evidente já na primeira missão, em que seu personagem está encarregado de matar o cardeal da cidade. Apenas para essa parte em específica, você pode escolher arrombar a porta da mansão dele e sair dilacerando todos os guardas, abrindo caminho até que consiga encurralá-lo em sua salinha secreta, entrar na mansão escondido e cortar a garganta dele sem que ninguém perceba sua presença, envenenar o copo de vinho que ele tomará ao sair do quarto, ou mesmo invadir seus aposentos, conseguir provas de que ele está deturpando as leis da Igreja e destituí-lo de seu cargo, tirando-o de seu caminho sem a necessidade de matá-lo. Isso sem contar as outras possibilidades possíveis, usando poderes e elementos do cenário, oferecendo uma gama de modos para se completar uma missão tão grande quanto a imaginação de que joga.

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Assim como nos RPGs modernos, as ações de seu personagem também passam por um certo sistema de julgamento. Só que, ao invés do tradicional sistema de moralidade que divide em “ações boas” e “ações más” (como em Mass Effect, por exemplo), o que rege a consequência de suas ações é um sistema baseado no caos que elas causam, fazendo com que a morte de muitos inimigos aumente o número de guardas, ratos e pessoas contaminadas nas ruas e, ao mesmo tempo, não matar ninguém pode fazer com que alguns NPCs comecem a desconfiar de sua lealdade ao grupo rebelde. Esse sistema – que faz com que não só o mundo como também o modo com que os NPCs te tratam mudem – é o que define qual dos dois finais disponíveis será exibido ao completar a história.

Como bom assassino, sua arma principal é uma espada – que possui um dispositivo de lâmina retrátil, fazendo com que o personagem aparente carregar algo inofensivo em sua mão. Mas outras armas secundárias também podem ser usadas, como uma besta-de-mão, uma garrucha e armadilhas diversas. Além desses aparatos tecnológicos, o jogador também poderá contar com a boa e velha magia – e é isso que dará a maior vantagem sobre seus inimigos. Essas magias podem ser tanto ativas – como se teleportar para um determinado local ou conjurar hordas de ratos para atacar os inimigos – quanto habilidades passivas – uma vitalidade maior ou o fato de os inimigos mortos virarem pó, não deixando um rastro de corpos pelo caminho. Além disso, há ainda várias amuletos pelo jogo que fornecem alguns poderes sobrenaturais, como não ter a velocidade diminuída ao correr armado ou aumentar a quantidade de tempo que se consegue ficar debaixo d'água.

Os controles, incrivelmente, são bem fáceis. E olha que quem está dizendo isso é alguém que, depois de uma experiência malfadada com Morrowind, nunca conseguiu achar graça em jogos de espada com visão em primeira pessoa. Então, nesse quesito, Dishonored é uma ótima surpresa. Os comandos são simples e fornecem respostas rápidas, e a câmera não cria vida própria enquanto você tenta atacar e correr ao mesmo tempo. Tudo funciona de modo muito simples – um botão ataca, outro defende, outro solta magia ou usa a arma secundária – e, seja com teclado e mouse ou com joystick, em coisa de cinco minutos você já se encontra apto para passar sem problemas por qualquer ponto do jogo. E, ao contrário de muitos jogos em primeira pessoa, o sistema de stealth realmente funciona! Você consegue se desvencilhar de inimigos usando sombras e outros elementos do cenário, além de que uma tentativa de roubar algum guarda desapercebido não vai fazer com que ele magicamente perceba sua presença – afinal, você não é um guerreiro desengonçado e armado até os dentes fingindo que é silencioso, mas um verdadeiro assassino que sabe que o silêncio e a delicadeza são suas maiores armas. Outra coisa bem interessante é o sistema de alerta dos inimigos: caso você seja avistado, eles imediatamente se comunicarão com todos os outros da fase, fazendo com que eles passem a te procurar e se torne mais difícil se esgueirar sem ser visto, mais ou menos como o sistema que fez tanto sucesso na franquia Metal Gear.




A história



Você é Corvo Attano, guarda-costas pessoal da Imperatriz Jessamine e chefe da guarda da cidade de Dunwall. O jogo tem início com Corvo retornando de viagem, retornando da missão de buscar ajuda em outros reinos para conter a praga que vem assolando a cidade. Ao entregar seu relatório para a Imperatriz, um grupo de assassinos se teleporta para o lugar onde eles estão, usando de poderes mágicos para paralisar Corvo, matar a Imperatriz e sequestrar a herdeira do trono. Ao se ver novamente livre, Corvo corre para amparar sua soberana, que, em suas últimas palavras, pede para que ele resgate sua filha. Chegando no local e vendo o guarda-costas debruçado sobre o corpo morto da Imperatriz, Hiram Burrows, chefe de espionagem do reino, o acusa de assassinato e faz com que os guardas o arrastem para a prisão. Após seis meses largado na cela e sofrendo torturas constantes, Burrows, agora Lorde Regente na cidade, aparece em sua cela e revela que fora ele que arquitetou o plano de matar a Imperatriz e tomar o domínio da cidade e que, apesar de não que você estivesse presente no momento, acabou sendo algo bom, pois ele tinha alguém para culpar, e anuncia que você será enforcado no dia seguinte. Então, depois da confissão do vilão, alguém disposto a te ajudar aparece, você foge de sua cela e parte em busca de vingança e da salvação do mundo. Assim começa mais uma história de James Bond Dishonored.

Ok, o plot base não é lá tão original assim, mas vários elementos o tornam interessante. Primeiramente, Dunwall foi inspirada nas Londres e Edimburgo do final do século XIX, onde conviviam lado a lado motores a vapor, armas de fogo e a fuligem e sujeira trazidas pela Revolução Industrial e a monarquia aristocrática inglesa, com suas famílias tradicionais vivendo em palácios e mansões de três séculos atrás, pertencendo a ordens de cavalaria e portando espadas como peças importantes do vestuário. Assim como a Londres de final de século, Dunwall também é um misto do novo com o velho mundo, onde a tecnologia convive lado a lado com as tradições medievais. Outra referência histórica fica pelo clima em que a cidade é encontrada, o desespero que dá o teor dramático e não-clichê ao jogo. Para esse clima, os programadores se inspiraram na Londres do século XVII, mais precisamente na Londres do ano de 1666. Essa escolha é apontado por Harvey Smith, um dos nomes responsáveis por todo o designdo game, como sendo uma escolha óbvia, já que 1666 foi o ano do Grande Incêndio de Londres, que acabou de vez com a praga que assolava a cidade, ao custo da incineração total dos bairros mais pobres. Mesmo a peste que vimos em Dunwall é inspirada nessa época: transmitida por ratos e matando aqueles que a contraiam em poucos dias, a peste de Dunwall é muito parecido com a peste bubônica – ou Peste Negra – que assolou a Europa durante todo os século XIV, XV, XVI, XVII e XVIII. Em Londres, a maior epidemia dessa Peste ocorreu entre os anos de 1665 e 1666, e foi contida apenas pelo incêndio que se iniciou numa padaria e transformou mais da metade da cidade em cinzas. Apesar de ter consumido 13200 casas, 87 igrejas, a Catedral de São Paulo, além de um incontável número de barracões e cortiços nos bairros mais pobres, deixando cerca de 80.000 pessoas desabrigadas da noite para o dia, curiosamente, foram contabilizadas apenas seis mortes ao Grande Incêndio de Londres. A razão para isso é explicada como sendo que as mortes dos habitantes de menor influência na cidade (classe média e pobres e miseráveis no geral) não eram documentadas, e também de que, pelo calor das chamas, muitos corpos acabaram cremados e não sobrou nada para ser documentado. E tudo isso só adiciona ao cenário steampunk que o jogo apresenta desde o início, e que poucas vezes consegue ser usado sem parecer caricato (como o foi em Fable III, apesar de, nesse caso, a caricaturização ser proposital).



Além disso, o sistema de caos é algo bem legal, e dá pra ser visto não só nas mudanças do mundo, mas mesmo no andamento da história. OK, você encontra um cara que te dá poderes mágicos pra salvar o mundo. Mas, ao contrário do que acontece na maior parte dos jogos, esse cara não é bonzinho. E, os mesmos poderes que ele deu a você, também ofereceu a seus inimigos; basicamente, o cara que ver “Dunwall pegar fogo!” sacaram a piada com o Grande Incêndio? Hã? Pegar fogo? Hahaha eu sou mesmo hilário e não assumir nenhum lado, fazendo do caos parte importante não só do gameplay como também do plot da história.

Personagens Principais


Corvo Attano – personagem jogável e protagonista do game. Corvo é guarda-costas pessoal da Imperatriz, e é injustamente acusado de matá-la e sumir com sua filha. O desejo de vingança e o senso de dever é o que o faz se aliar aos Loyalists (grupo que pretende tirar o Lorde Regente do poder e voltar a colocar uma Imperatriz no trono) e ajudá-los a tomar o poder de volta, assassinando ou tirando de cena figuras chaves da política da cidade.
Corvo é também o único personagem do jogo que não é dublado por ninguém, numa tentativa dos produtores de, ao não dar voz ao personagem, fazer o jogador se sentir como sendo sua própria voz falando ali, numa tentativa de deixá-lo ainda mais imerso no mundo do jogo.


The Outsider – uma entidade espiritual “meio anjo, meio demônio”, com vários seguidores ao redor do mundo. É ele o responsável por toda a magia de Dishonored, aparecendo para pessoas que ele julga serem interessantes e concedendo-lhes poderes mágicos ao marcá-las. Além de Corvo, vários outros personagens do jogo também receberam visitas do Outsider. Apesar de estar ciente do mundo dos humanos, e achar tudo muito interessante, ele não escolhe lados, se mantendo sempre neutro e fornecendo auxílio para aqueles que julga merecerem, independente de quais sejam suas ambições.
The Outsider é dublado pelo ator Billy Lush, conhecido pelo personagem Chris Cawsey de Sob o Domínio do Medo, e pelas variadas participações em série para TV, como CSI: New York, Castle e Terminator: The Sarah Connor Chronicles. Esse é seu primeiro trabalho em um jogo de videogame, onde também está escalado para dublar um dos personagens de Hitman: Absolution.


Jessamine Kaldwin – Imperatriz de Dunwall, cuja morte é o estopim para o início da história. Acredita-se que, além de guarda-costas, Corvo era na verdade seu amante, e Emily seria fruto do amor dos dois.
Jessamine Kaldwin é dublada por April Stewart, que já tem em seu curriculum uma infinidade de trabalhos em games, entre os quais se encontram The Elder Scrolls V: Skyrim, Fallout: New Vegas, God of War III, Dragon Age: Origins e Mass Effect.





Emily Kaldwin – filha da Imperatriz Jessamine e herdeira do trono de Dunwall, viu a mãe ser morta e foi raptada por seus assassinos, sendo tirada de cena para que Burrows pudesse dominar a cidade. Acredita-se que seja filha de um romance entre Corvo e a Imperatriz.
Emily Kaldwin é dublada pela atriz Chloë Grace Moretz, famosa por ter feito a Hit Girl no filme Kick-Ass e a menina Isabelle em A Invenção de Hugo Cabret. Ela já havia trabalhado com videogames em 2010, ao dublar a Hit Girl para Kick-Ass: The Game.




Hiram Burrows – antigo chefe de espionagem de Dunwall, se tornou Lorde Regente após a morte da Imperatriz e o sumiço de sua filha. Foi ele o responsável por todos esses eventos, e também por jogar toda a culpa nas costas de Corvo.
Hiram Burrows é dublado por Kristoffer Tabori que, entre seus trabalhos em videogames, estão Ninja Gaiden 3, Star Wars: The Old Republic, Star Wars: The Force Unleashed – Ultimate Sith Edition, Alpha Protocol e Star Wars: Knights of the Old Republic.





Farley Havelock – antigo almirante da Marinha de Gristol (país de onde Dunwall é a capital), Havelock se recusou a navegar sob o comando do Lorde Regente Burrows, e é o responsável pela criação dos Loyalists, grupo que tem por objetivo tirar o Lorde Regente do poder. É ele o responsável pelo plano de recrutar Corvo para o grupo.
Farley Havelock é dublado por John Slattery, mais conhecido por fazer o personagem “Roger Sterling” na série Mad Men, e o pai de Tony Stark em Homem de Ferro 2. Esse é o primeiro trabalho do ator para um jogo de videogame.




Granny Rags – um velhinha cega e gagá que vive pelas ruas escuras de Dunwall, que em sua juventude já foi uma bela aristocrata pretendida por até mesmo por reis. Ela é umas das personagens aos quais The Outsider concedeu poderes mágicos.
Granny Rags é dublada por Susan Sarandon, conhecida por ter participado de verdadeiros clássicos do cinema, como Thelma & Louise, Os Últimos Passos de um Homem (filme pelo qual levou o Oscar de melhor atriz), O Óleo de Lorenzo e The Rocky Horror Picture Show, e é considerada uma das atrizes mais influentes em Hollywood. Esse é o primeiro trabalho dela na indústria de videogames.


O veredito?


Se você ainda não jogou Dishonored, jogue! Se está em dúvida se deve ou não comprá-lo, compre! Dishonored é um dos melhores jogos dos últimos anos, e forte candidato a Game of the Yearde 2012. E, sem sombra de dúvidas, se ganhar, será com todos os méritos.



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