Marcadores: , , ,

5 motivos para Hollywood querer salvar a Internet



Chegamos a um ponto onde a indústria de entretenimento parou de entender o próprio público consumidor. Clamando pela propriedade intelectual, a cultura do compartilhamento agora é confundida com ato criminoso. Leis desesperadas de combate à pirataria preveem punições judiciais severas contra adolescentes e donas de casa entediadas - e arriscam tornar impraticáveis alguns serviços da internet que servem pra muito mais do que pirataria como Facebook, Youtube ou Megaupload. Mas algo que Hollywood e as grandes gravadoras ainda não entenderam é como funciona a lógica da internet e de que maneira lutar contra ela pode ser pior que lutar à favor.

1. Os lucros não vão aumentar porque pararam de baixar filmes na internet

Um dos grandes mitos das industrias de entretenimento é que seus lucros são fortemente atacados pelo compartilhamento ilegal de arquivos na internet. Primeiramente os valores praticados não condizem muito com essa situação ruim que eles pregam. A Warner Bros faturou em 2010 US$ 1,88 bilhão nos EUA e outros US$ 2,93 bilhões no mercado internacional. Já a Paramout, em 2011, recebeu US$ 5,17 bilhões em todo o mundo. Cifras gigantescas que, mesmo com quedas de faturamento em relação a anos anteriores não correspondem aos danos causados pelo download ilegal de conteúdo. 
Raramente alguém deixa de ir assistir um blockbuster no cinema ou mesmo locar esse filme em alta definição em troca de uma cópia em RMVB. Mas então, o que explica a queda de rendimento das gigantes de Hollywood? A maldita crise mundial! Desde a crise que explodiu em 2008 (mas já havia dado sinais desde 2005) o mundo estagnou economicamente - principalmente os EUA, onde o desemprego chega à taxas de 9%. Quando o dinheiro está curto e as hipotecas e empréstimos ficam mais difíceis de se pagar, qual é o primeiro corte de gastos da família norte-americana? Seria alimentação? Seria no plano-saúde? A resposta é simples: en-tre-te-ni-men-to, afinal é o gasto mais fácil de ser cortado das despesas mensais.
Portanto não basta acabar com a pirataria que vai fazer as pessoas voltarem ao cinema todas as semanas e comprarem mais boxs caríssimos de filmes e séries.

2. Internet é o maior meio de propaganda gratuita que um produto pode receber

O mundo mudou. Hoje as pessoas não compram mais jornais para lerem resenhas de filmes. Elas simplesmente comentam e curtem comentários no facebook sobre determinado filme, ficam interessados em ver, e passam a consumir a obra muitas vezes depois de ter baixado ela pela internet. Isso acontece principalmente com séries. Nos EUA algumas temporadas chegam meses antes do Brasil, sendo que outras só acabam passando no marcado local depois de repercutir na internet. Esse tipo de propaganda gratuita é algo que deveria ser incentivado e não combatido. Afinal muito fã fica ainda mais sedento por ir ao cinema depois de ver aquele vídeo que vazou na internet da nova fantasia da mulher gato ou aquele outro sobre o combate final de Os Vingadores. Se a mesma energia usada para inibir o compartilhamento de séries e filmes fosse usado em ações de marketing para canalizar isso em lucros, eles estariam faturando bem mais.

3. O consumidor passa a ter acesso a obras que ele não teria através do mercado tradicional


Além de promover aquilo que todo mundo já conhece, as vezes a indústria cinematográfica e musical esquece que a internet é responsável se fazer conhecidas obras que a industria tradicional jamais ira trazer. Na indústria musical vemos vários exemplos como por exemplo o Artic Monkeys, que mesmo antes de ter lançado um álbum físico, já fazia sucesso na web. No mundo das séries, algumas demoram tanto para chegar aos outros países fora dos EUA, como o Brasil, que a divulgação e download na internet é fundamental para alavancar a venda de boxes e temporadas para os canais de tv à cabo. Isso tudo sem contar aquele filme sueco, ou aquele documentário argentino que jamais iriam pintar na locadora do seu bairro ou no cinema da sua cidade. Ou mesmo aquele filme de 1995 que você adorava e nunca mais passou na televisão e nenhuma locadora tem ele disponível após a era do VHS... Isso pode inspirar até mesmo o retorno de versões especiais em dvd dessas pérolas do passado que jamais seriam feitas sem a indústria pensar atenção nos downloads da internet.



4. É impossível acabar com a pirataria - e a tentativa custa caro

Como acabei de dizer, a energia para inibir o compartilhamento é bem mais útil se usada para outro propósito. Isso porque é IMPOSSÍVEL acabar de vez com a pirataria. Mesmo leis absurdas como SOPA e PIPA ou o fechamento de sites de hospedagem como Megaupload acabariam atacando serviços básicos da internet, mas não inibiriam os cada vez mais sofisticados processos de transferência de arquivos por torrent, P2P, ou até mesmo serviços como Anonyupload. Isso sem contar o costume de passar arquivos por email ou pela pen drive para um amigo... 
Além disso essa tentativa de acabar com o compartilhamento vai abrir caminho para a pirataria de mídia física, afinal para o usuário comum passa a ficar mais fácil comprar um dvd pirata com os arquivos do que encontrar meios de burlar o sistema e baixar na internet. O perigo é que, além de dvds piratas serem baseados na execrável atividade de lucrar em cima de propriedade intelectual alheia, muitas organizações realmente criminosas (como máfia e tráfico de drogas) podem estar por trás desse comércio, canalizando dinheiro para esses fins. Ao invés de lutar contra o upload de filmes eles deveriam assumir a dianteira nessa atividade...vender conteúdos com preços baixos. 

5. Vender conteúdo extra (a baixo preço) na internet é lucrativo

Estamos na Era dos Aplicativos. Quem tem um smartphone ou tablet sabe a lógica: aplicativos por preços irrisórios (algo como US$0,99) vendidos aos milhões são mais lucrativos do que aqueles com preços altíssimos. Se Hollywood passar a oferecer conteúdo exclusivo (porque não streaming ao vivo dos estúdios de gravação do blockbuster X, ou entrevista exclusiva com ator Y) por valores baixos, ninguém iria optar pela pirataria. Afinal, porque perder tempo baixando um torrent que pode conter vírus se posso baixar por 10 dólares o mesmo filme em alta definição diretamente do site oficial? Aprender a entrar no jogo da internet é muito mais útil que simplesmente lutar contra ele...

Finalmente...

Lutar contra o inevitável, é o que a  industria cinematográfica e musical tem feito. Eles lutam contra a cultura do próprio público que eles tentam conquistar e, nessa guerra, quem perdem são eles próprios. Ao invés de aproveitar o que a internet tem a oferecer, lutam contra a cultura de compartilhamento e sociabilização que ela criou. Se os lucros estão diminuindo e eles agem assim a um bom tempo, já está mais no que na hora de ver que não está dando certo.

Confira também no Gameshow

0 comentários:

Postar um comentário