Um dos símbolos mais marcantes da série de RPGs Final Fantasy são as suas summons. Desde os tempos do Famicom, com Final Fantasy III, a introdução do conceito de summons mudou o gameplay dos aficionados, criando toda uma nova gama de estratégias possíveis de batalha e influenciando outros games do gênero, que passaram, de um modo ou de outro, a também contarem com seu próprio sistema de summons. Sejam grandes dragões que cospem fogo, baleias que afogam seus inimigos, cavaleiros que atacam com lanças ou velhos que controlam o tempo, seja em 2D ou 3D, em jogos da década de 80 ou 2000, há sempre uma característica comum às summons em todas as versões do game: dar muito dano numa grande quantidade de inimigos. E isso seja, talvez, um dos principais motivos por amarmos tanto elas: no fundo, todo mundo gosta de apelar.
Mas o que são exatamente as summons?
Derivado do latim vulgar (a forma coloquial falada pelos romanos, diferente do latim literário da linguagem escrita) summundre, cujo significado é “chamar, intimar”; a correspondente em português mais exata do significado da palavra inglesa summon é o verbo “invocar”, com o significado de “chamar em seu auxílio com uma prece”. Assim como os antigos bruxos e feiticeiros, que “invocavam” espíritos para auxiliá-los, assim também os fazem os magos e summoners (algo como “invocadores”, numa tradução liberal bem tosca) no mundo de Final Fantasy. Assim como no nosso cotidiano, as summons são entidades cósmicas extraterrenas, espíritos de poder magnífico que vem em nosso auxílio quando chamados; e, assim como com os antigos bruxos, um pacto deve ser feito com esse espírito antes que ele possa ser invocado. Mas as summons de Final Fantasy possuem mais paralelos com o mundo real do que apenas isso; na realidade, cada uma das 75 entidades presentes no mundo de Final Fantasy possem grande inspiração e paralelo com entidades das mais diversas mitologias e heróis históricos. E é justamente essa relação com o mundo real que esse especial pretende destrinchar: mostrar um pouco da história por trás de cada uma dessas summons. Então, comprem várias poções de mana e preparem-se para aproveitar a cultura maciça que cada uma delas pode oferecer.
Adrammelech
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Uma das várias representações do demônio |
Adrammelech, também chamado de Adramelech, Adramelek ou Adar-Malik, é uma das formas do deus Sol, que possuía o centro de seu culto na cidade de Sepharvaim (na região da antiga Mesopotâmia, a cidade era cortada ao meio pelo rio Eufrates, e por isso era também conhecida como “as duas Sipparas” ou “as duas Cidades dos Livros”). De acordo com o Segundo Livro dos Reis, no Antigo Testamento da Bíblia, o culto a esse deus consistia no sacrifício de crianças em seu nome. Assim como qualquer deus pagão, Adrammelech é considerado um demônio na tradição judaico-cristã. Segundo o livro de demonologia de Collin de Plancy's, Adrammelech é o Presidente do Senado dos demônios, além de Chanceler do Inferno e supervisor do guarda-roupa de Satan (porque não basta ser foda, tem que ser fashion). Ele normalmente é retratado como uma figura de torso e cabeça humanos, e com as outras partes do corpo de uma mula ou, algumas vezes, um pavão. O escritor Robert Silverberg o descreve como “O inimigo de Deus, maior em ambição, maldade e esperteza do que Satan. Um adversário mais incisivo – um hipócrita ainda maior.”
A summon Adrammelech pode ser encontrada em Final Fantasy XII (PS2) e Final Fantasy Tactics Advance (GBA)
Alexander
É difícil citar uma referência histórica exata para um castelo que ataca seus inimigos com laser. Mas um bom palpite é que faça alusão ao famoso Rei da Macedônia Alexandre o Grande. Etimologicamente, Alexandre é um nome de origem grega e deriva do original Ἀλέξανδρος (Alexandros), que significa “Protetor da Humanidade”, o que explica golpes com nomes como Justice (em Final Fantasy VII) ou Holy Light (em Final Fantasy VIII). E “protetor” é um dos adjetivos mais usados para se classificar Alexandre o Grande. Nascido na cidade de Pella (norte da Grécia) em 356 AC, foi tutorado por ninguém menos que Aristóteles (um dos maiores filósofos da Grécia Antiga, com influência até hoje nas áreas de literatura, matemática, retórica, psicologia e teologia) até os 16 anos, e se tornou o mais jovem Rei Macedônico, aos 20, após o assassinato de seu pai. Apenas dez anos depois de assumir o trono, Alexandre já havia expandido as fronteiras do Império Macedônico da Grécia até o Himalaia, criando um dos maiores Impérios do Mundo Antigo. Morreu aos 32 anos sem nunca ser derrotado em batalha. Além disso, foi o responsável por disseminar o pensamento grego para o Ocidente, que possui influência ainda hoje em nosso modo de ver o mundo.
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Alexandre, o Grande |
Alexandre se tornou então uma daquelas raras figuras que consegue ultrapassar os livros de história e se tornar uma figura mítica, importante não apenas para uma, mas várias mitologias. Na Grécia moderna, existe uma lenda comum entre pescadores de uma sereia solitária que aborda barcos e pergunta aos seus tripulantes se o Rei Alexandre ainda está vivo. A resposta correta para a pergunta é “Ele está vivo e reina sobre o mundo”, que faz com que o mar se acalme e a sereia vá embora satisfeita. Qualquer outra resposta diferente dessa faz com que a ela se transforme numa górgona furiosa, que carrega o barco com todos os seus tripulantes para o fundo do oceano. Ele também aparece na mitologia Zoroastra (principal religião do Irã antes da criação do Islamismo) sendo chamado pelo epíteto de gojastak, que quer dizer amaldiçoado, e é acusado de incendiar templos e destruir textos sagrados do zoroastrismo. Já os livros de Islamismo o citam de maneira mais positiva. O Firdausi's Shahnameh (“O Livro dos Reis”) o coloca como uma figura mítica descendente dos shahs, que explora os quatro cantos do mundo em busca da fonte da juventude. Há também a menção de um Dhul-Qarnayn (“Aquele com Dois Chifres”) no Alcorão que alguns historiadores também acreditam ser Alexandre. Lá, ele é o herói que construiu o muro que defende o povo escolhido nas nações de Gog e Magog; ele então saiu pelo mundo em busca da Fonte da Vida e Imortalidade, e posteriormente se tornou um profeta. Já os Sírios o retratam como um modelo de herói cristão que seguia “o único e verdadeiro Deus”. A figura de Alexandre também aparece nas escrituras egípcias, onde é mostrado como o filho de Nectanebo II, último faraó egípcio antes da invasão Persa, e atestam a morte de Dário (pai de Alexandre) como “prova” de que o Egito ainda era comandado por um egípcio. Ele ainda aparece na região de Punjab (faixa de terra entre a Índia e o Paquistão) onde o nome Sikandar, derivação no nome Persa de Alexandre, é usado como um adjetivo que designa um jovem promissor e com muito talento. A figura de Alexandre como mito aparece até mesmo no cristianismo medieval europeu, onde faz parte dos Nove Bravos, um grupo de heróis que possuíam todas as qualidades de um cavaleiro perfeito, onde, junto com Hector (príncipe de Tróia) e o Imperador Júlio César, faz parte dos três “bons pagãos” da história. Alexandre também possui muita importância no campo militar, e suas táticas de guerra ainda hoje são ensinadas nas academias militares ao redor do globo.Além disso, o castelo de Alexandre, construído durante sua invasão à Índia, também tem sua importância. Ainda que seja bem diferente do castelo padrão europeu que é mostrado nos jogos, ele ainda hoje está de pé e não apenas como ponto turístico, mas servindo tropas militares, que ainda o usam como base de operações na região. Localizada na cidade de Qalat, desde 2010 é usado por tropas afegãs que visam manter a ordem na região, em conjunto com as forças americanas. Ainda que não seja explícita, a importância de Alexandre, seus feitos e sua natureza lendária fazem com que a existência de uma relação com a summon Alexander seja um palpite bem plausível.
Alexander está presente em Final Fantasy VI (SNES, PSX, GBA, Wii e PSN), Final Fantasy VII (PSX, PC e PSN), Final Fantasy VIII (PSX, PC e PSN), Final Fantasy IX (PSX e PSN), Final Fantasy XI (PS2, PC e X-Box 360), Final Fantasy XIII (PS3 e X-Box 360), Final Fantasy XIII-2 (PS3 e X-Box 360), Final Fantasy Type-0 (PSP), Final Fantasy Dimensions (celulares), Dissidia Final Fantasy (PSP) e Final Fantasy Fables: Chocobo's Dungeon (Wii e DS).
Anima
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Imagem que representa a Anima Sola |
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Na tradição católica romana, anima sola (alma esquecida) é um símbolo de representação das almas perdidas do purgatório. Sua representação se dá pela imagem de uma mulher presa por correntes a uma cela em chamas. Não se sabe exatamente quando foi o surgimento dessa representação, mas a prática de se rezar pelas almas do purgatório é tão antiga quanto o Consílio de Trento (um dos mais importantes da Igreja Católica, foi realizado entre os anos de 1545 a 1563 e foi uma reação à divisão iniciada pela Reforma de Lutero, por isso também chamado de Concílio da Contra-Reforma). Uma das lendas mais famosas da origem de anima sola é a da “sede de Cristo”, a qual não aparece nas Escrituras, e é passada apenas no boca-a-boca: dizem que em Jerusalém havia um grupo de mulheres cuja função era dar um pouco de água para aqueles que estavam sendo crucificados. A tarefa na Sexta-Feira Santa caiu nas mãos de uma jovem, Celestina Abdenago. Ela então deu de beber para Dismas e Gestas (os dois ladrões que foram crucificados com Cristo), mas não ao Salvador, e, por isso, foi condenada a sofrer de sede e calor nas chamas do purgatório. Fora da tradição católica, anima sola também se faz presente no vudu, onde é usado para trazer a pessoa amada de volta, em que o espírito atormenta a mente do alvo até que ele resolva reatar o relacionamento. Apesar disso, o ritual não envolve nenhum sentimento de amor no seu resultado final.
A summon Anima é presente em Final Fantasy X (PS2), Final Fantasy X-2 (PS2) e Theatrythm Final Fantasy (3DS).
Ark
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A constelação de Argo Navis |
Mais uma summon não facilmente reconhecível. Um espécie de transformer, Ark é uma nave que vem do espaço e se transforma numa espécie de robô gigante que atira lasers. Apesar da relação mais direta ser com a cultura pop, a summon também possui raízes mitológicas. Sua vinda do espaço se explica por ela ser a própria Argo Navis, uma constelação que já não é mais reconhecida pelos astrônomos, e que foi dividida em três: Carina, Vela e Puppis. A constelação recebe seu nome da Argos, navio que Jasão e seus Argonautas tripularam durante sua busca pelo velo dourado. De acordo com historiadores, os antigos discordavam da origem do nome Argos: uns afirmavam que se referia ao nome de seu construtor, Argus, filho de Phrixus (que havia sido salvo da morte certa pelo cabrito de quem o velo dourado fora tosquiado); outros diziam que fazia menção à palavra grega argos, “veloz”, visto que aquele barco seria o mais veloz da Grécia; há ainda os que diziam que o nome fazia menção à cidade de Argos, onde o barco fora construído; e ainda há os que acreditam que foi uma homenagem a um de seus tripulantes, Argives, de acordo com um verbete existente da primeira das Tusculanae Diputationes do famoso jurista e orador romano Cicero. Dessas quatro teorias, a mais comumente aceita e contada hoje é a primeira, de que o nome do navio se deve ao seu construtor. |
Relação Ark - Osíris |
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Osiris |
Na mitologia egípcia, acreditava-se que a constelação era a arca que salvou Isis e Osiris do Grande Dilúvio. Também acreditava-se que Osiris era o capitão do navio, e a indicação disso também é vista no jogo, com a forma final da summon apresentando a “barba” e “penas de avestruz” característicos do deus egípcio. Os cristãos acreditam que a constelação faz menção à Arca de Noé, mas nada na apresentação dela no jogo remete à mitologia deles.
A summon Ark aparece em apenas um jogo da série, Final Fantasy IX (PSX e PSN).
Asura
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Estátua de Asura num templo budista |
Na mitologia hindu, os Asuras são a contraparte maléfica dos Devas (entidades sobrenaturais relacionadas com o Bem), comumente relacionadas com o desejo materialista da humanidade. Mas a summon Asura presente na série Final Fantasy é derivada não da mitologia hindu, mas do budismo. Ainda que sejam derivações daqueles da mitologia hindu, os Asuras budistas possuem características e lendas próprias. Descritos como seres possuidores de 3 cabeças e 6 braços, são considerados as entidades de menor importância do Kāmadhātu (uma espécie de “Céu” dos budistas, se formos tentar traçar um paralelo com o cristianismo). Ao contrário das outras entidades do Kāmadhātu, os Asuras possuem um vício especial em sentimentos humanos, principalmente na ira, orgulho, ostentação e belicosidade. O domínio dos Asuras são os oceanos que rodeiam a base do Monte Sumeru, para onde Śakra os expulsou quando se tornou soberano sobre todas as coisas. Várias batalhas foram travadas pelos Asuras para recuperar seu lugar junto com as entidades superiores, mas a covardia deles sempre os fazia recuar face a qualquer adversidade.
A summon Asura está presente em Final Fantasy IV (SNES, PSX, WonderSwan Color, GBA, DS, Wii, PSP e celulares) e em Dissidia Final Fantasy (PSP). Asura também faz uma aparição em Chocobo's Misterious Dungeon 2 e em Vagrant Story, onde é um dos chefes do jogo. Além disso, também é uma carta rara em Lord of Vermilion II.
Atomos
Há aqueles que acreditam que hoje, para muitas pessoas, a ciência se tornou uma religião como qualquer outra, que modifica a ideia de um Deus onipresente e todo poderoso por uma Ciência que tudo sabe e tudo explica. Isso é ainda mais fácil de ser observado ao lembrarmos da Religião da Humanidade, ou Igreja Positivista, criada por Augusto Comte em 1854. O Positivismo, assim como qualquer outra religião, possui dogmas, cultos, templos, capelas, sacramentos, sacerdotes e etc. O único fato que a distingue das outras religiões é por ser monista e naturalista, ou seja, acredita que todos os fenômenos tem origem e causa na natureza, não existindo nenhum elemento sobrenatural em seu credo.
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Representação atual de um átomo |
Ao considerarmos que o Positivismo é uma religião e que, como toda religião, possui também uma mitologia própria, é fácil perceber que uma de suas maiores “entidades” (colocado aqui entre parênteses porque, afinal, não estamos tratando de algo que é um mito apenas por seu valor como símbolo, pois possui existência comprovada no mundo) é o átomo. Derivado do grego a-tomos (indivisível), é a menor partícula que caracteriza um elemento químico. Os atomistas na Grécia antiga acreditavam que as matérias era constituídas por partículas minúsculas e invisíveis e que, se a matéria fosse quebrada e dividida cada vez mais, uma hora esse processo chegaria numa partícula tão minúscula que não poderia ser mais dividida, o a-tomos. Já o modelo de átomo que nos é ensinado durante as aulas de física e episódios de The Big Bang Theory é bem mais recente, e foi proposto pelos cientistas Ernest Rutherford e Niels Henrick David Bohr apenas no começo do século XX. Assim como a descoberta do átomo foi a porta de entrada para uma nova dimensão no estudo da física, a summon Atomos é assim também representada, como uma porta para outra dimensão. Outro aspecto interessante desta se dá pelo seu golpe mais comum; wormhole, ou buraco de minhoca, é um característica topológica do continuum espaço-tempo, e funcionaria como um espécie de “atalho” através do espaço e do tempo. De acordo com a teoria proposta pelo físico estadunidense John Wheeler, em 1957, ao atravessar um desse buracos, a matéria poderá atravessar distâncias espaciais de milhares de anos-luz em apenas alguns segundos, ou mesmo viajar no tempo, voltando a um passado remoto ou avançando a um futuro distante. Todavia, a própria existência desses buracos ainda não foi comprovada, apesar de físicos, matemáticos e cientistas em geral atestarem sua existência. Existe, mas não tem como provar, soa familiar? Quem disse que a ciência também não pode ser mito?
A summon Atomos pode ser encontrada nos jogos Final Fantasy IX (PSX), Final Fantasy XII: Revenant Wings (DS) e Dissidia Final Fantasy (PSP). Ele também aparece em Final Fantasy (NES, MSX, WonderSwan Color, PSX, GBA, PSP, Wii, PSN e celulares), Final Fantasy IV: The After Years (Wii, PSP, PSN e celulares), Final Fantasy V (SNES, PSX, GBA, Wii e PSN) e Final Fantasy XI (PS2, X-Box 360 e PC), mas não mais como summmon, apenas como uma criatura do jogo. Atomos também dá nome a uma das naves de Final Fantasy XII (PS2).
Bahamut
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O Bahamut indiano |
Como bom jogo de RPG, em Final Fantasy não poderia faltar o clássico dragão fuderoso. O Bahamut de Final Fantasy é claramente inspirado na entidade de mesmo nome de Dungeons & Dragons, o primeiro RPG de mesa de que se tem noticia e que influenciou todo o desenvolvimento da série para videogames. Em D&D, Bahamut é a entidade superior dos dragões metálicos (os dragões bonzinhos) e faz parte do panteão dos principais deuses do jogo. Ele também é filho de Io, a entidade criadora de todas as coisas do mundo. Mas existe um Bahamut bem mais antigo do que o dragão de D&D. Na mitologia árabe, Bahamut é um grande peixe que suporta todo o planeta em suas costas, num papel semelhante ao do titã Atlas na mitologia grega. De acordo com o escritor argentino Jorge Luís Borges em seu O Livro dos Seres Imaginários, Bahamut é uma forma “alterada e ainda mais magnífica” de Behemoth (besta mitológica presente no Livro de Jó), e tão imenso que um humano não conseguiria olhar para ele sem enlouquecer. Ainda de acordo com o escritor, Bahamut é o peixe gigante visto por Jesus na 496a noite das Mil e Uma Noites. Nesse conto, Bahamut é um peixe gigante que nada por um vasto oceano. Ele carrega um touro em sua cabeça; o touro leva uma pedra, e acima da pedra existe um anjo que segura os sete continentes da terra. Abaixo de Bahamut existe um abismo de vento e fogo, e abaixo disso tudo se encontra a serpente Falak (uma serpente tão gigantesca que a única coisa que a impede de engolir todas as formas de vida de uma única vez é seu medo do poder de Alá). Ao avistar Bahamut, Jesus desmaia. Borges ainda cita a ideia de Bahamut como parte de uma prova cosmológica da existência de Deus, assim como o ponto primevo que impossibilitaria a teoria do regresso ao infinito (que diz que, ao necessitarmos que para que uma proposição P1 seja verdadeira é necessário que uma proposição P2 anterior sirva de suporte para essa e, para que essa P2 seja verdade, é necessário que uma proposição P3 também seja para que a suporte, e assim por diante, até chegarmos a conclusão de que o número de proposições é infinito e nunca se chegará numa afirmação verdadeira por si só, que não necessite do auxílio de outras verdades anteriores).
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Bahamut em D&D |
Bahamut aparece em virtualmente todos os jogos da série Final Fantasy, sendo uma das criaturas mais clássicas do game. Sua primeira aparição como summon é em Final Fantasy III ( Famicom, DS, Wii, PSP, celulares e Ipad), e continua em Final Fantasy IV (SNES, PSX, WonderSwan Color, GBA, DS, Wii, PSP, PSN e celulares), Final Fantasy IV: The After Years (Wii, PSP, PSN e celulares), Final Fantasy V (SNES, PSX, GBA, Wii e PSN), Final Fantasy VI (SNES, PSX, GBA, Wii e PSN), Final Fantasy VII (PSX, PSN e PC), Before Crisis – Final Fantasy VII (celulares), Crisis Core – Final Fantasy VII (PSP), Final Fantasy VIII (PSX, PSN e PC), Final Fantasy IX (PSX e PSN), Final Fantasy X (PS2, PS3 e PSVita), Final Fantasy XII: Revenant Wings (DS), Final Fantasy XIII (PS3, X-Box 360), Final Fantasy Type-0 (PSP), Dissidia Final Fantasy (PSP), Final Fantasy Tactics (PSX e PSN) e Theatrhythm Final Fantasy (3DS). Apesar de não ser uma summon, aparece como personagem importante no decorrer da história em Final Fantasy (NES, MSX, WonderSwan Color, PSX, GBA, PSP, Wii, PSN e celulares), Final Fantasy XI (PS2, PC e X-Box 360), Final Fantasy XIII-2 (PS3 e X-Box 360), Final Fantasy Crystal Chronicles: The Crystal Bearers (Wii) e Final Fantasy IV: The Heroes of Light (DS). Ele ainda dá nome a uma das naves de Final Fantasy XII (PS2), além de fazer aparições em outros games da Square, como a série Chocobo, Super Mario RPG: Legend of the Seven Stars (onde é uma summon chamada para batalha por Magikoopa), Lord of Vermilion e Lord of Vermilion II, Lord of Arcana, e o game de tactics para SNES que leva seu nome no título, Bahamut Lagoon.
Belias
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Belial dança para Moisés |
Também conhecido como Belial, Be'lial, Belhor, Baalial, Beliar, Beliall, Beliel, Bilael. Belu, Matanbuchus, Mechembuchus ou Meterbuchus, é um demônio presente na Bíblia e em textos apócrifos judaicos e cristãos, e é um dos Quatro Príncipes do Inferno. O nome é uma derivação do hebreu Beliyyá'al, cujo significado ainda é motivo de controvérsia entre os estudiosos; alguns o traduzem como “sem honra” (Beli yo'il), “aquele que não tem jugo” (Beli ol), “aquele que não irá se levantar” (Belial). Alguns poucos apenas admitem a possibilidade do nome ser algo simplesmente inventado e não fazer referência com nenhuma outra palavra ou expressão hebraica.
Na Goetia (livro datado do século XVII que ensinava como evocar espíritos), Belial é um poderoso rei-demônio comandante de 50 legiões, atrás em poder apenas de Lúcifer, e retratado como a figura de dois belos anjos sentados numa carruagem de fogo. O Livro dos Jubileus (texto apócrifo que relata a história da criação do mundo e de Adão e Eva, além das histórias dos personagens bíblicos existentes no Livro do Gênesis até a época de Moisés) chama aqueles que não são circuncidados de “filhos de Belial”. Já na Bíblia Satânica, de Anton Lavey, Belial é apresentado como um dos Quatro Príncipes do Inferno (especificamente, o Príncipe do norte) e aponta que o significado de seu nome é “aquele que não possui mestre”, e simboliza a verdadeira independência, a autossuficiência e as realizações pessoais. O demônio ainda recebe os títulos de "Mestre dos Homens" e "Campeão da Humanidade", e representa as necessidades carnais mais básicas de todos os seres humanos.
A summon Belias pode ser encontrada em Final Fantasy XII (PS2), Final Fantasy XII: Revenant Wings (DS) e Final Fantasy Tactics A2: Grimoire of the Rift (DS). Ele aparece ainda como um dos chefes de Final Fantasy Tactics (PSX, PSN) sob o nome Velius, e também em Crisis Core – Final Fantasy VII (PSP) com o nome de Belial.