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Música Eletrônica e Games



Por Helena de Tróia

Pessoas que jogam vídeo games e músicos da área eletrônica têm muito em comum. Ambos passam um extravagante período de tempo na frente de computadores. Ambos perpetuamente correm atrás de customizações e upgrades. Ambos têm um infeliz apetite por café e bebidas energéticas, a fim de poder ficar acordados a noite inteira.

Brincadeiras à parte, é evidente que games e música eletrônica andam de braços dados, interagindo um com o outro. Desde o 8-bit ao 3D, de composições sintéticas repetitivas a orquestradas, a interação jogo-jogador é fortalecida pela trilha sonora, sendo totalmente influente na jogabilidade. Gerações e gerações foram, e são, influenciadas pela game music, e, consequentemente, muitos são os DJs e producers que seguiram o ramo graças a essa influência, homenageando-a durante suas carreiras.


Musica eletrônica nos games

A música dos games ocupa hoje um legítimo lugar na indústria. Orquestras internacionais renomadas apresentam concertos inteiros de música composta especificamente para vídeo games, e suas trilhas sonoras regularmente agregam composições de bandas do gênero techno, hip-hop, rock, punk, entre outros. Porém, essas trilhas são mais do que meros sons de fundo, mas integrantes da experiência do jogo. O ritmo, velocidade e melodia da composição são capazes de alertar ou acalmar, transmitindo sensações. Como no clássico Space Invaders, em que à medida que os aliens se aproximavam ou se moviam mais rápido, a música acelerava e ficava mais alta.

Naquela época, as composições para jogos eram integralmente digitais, devido à incapacidade de reprodução sonora dos arcades e consoles. Um chip de computador transformava pulsos elétricos correspondentes a códigos de computador em ondas sonoras analógicas para um alto falante. A simplicidade não é motivo, no entanto, para menosprezo, já que os sons monofônicos marcaram uma geração inteira. Em seus primeiros dias como game designer, Shigeru Miyamoto não possuía compositores como Koji Kondo, e teve que se virar sozinho: ele mesmo compôs a trilha sonora do arcade Donkey Kong em um pequeno teclado, a mesma que encanta pessoas até os dias atuais (sem contar que ele criou a trilha sonora de Mario antes mesmo do jogo, o que por si só já lhe garantiria um Grammy, pelo menos).

A simples repetição de uma sequência de notas mudou o universo dos games para sempre. Compor a musica que não sai da cabeça de milhares de pessoas parece fácil? Quero ver você tentar.


Sendo o gênero musical pioneiro nesse ramo, o sintético eletrônico continuou presente nos games, ditando energia e aceleração à experiência de jogar. Em jogos de corrida, como Extreme-G (esse jogo dava muita, mas muita dor de cabeça hehehe) do Nintendo 64, a música passa a vontade de pisar fundo no acelerador, como se você estivesse dentro do universo do jogo.


Existem, também, aqueles em que a música eletrônica é parte vital do game: DJ Hero, Dance Dance Revolution e Parappa The Rapper Audiosurf são exemplos e, nestes, ritmo representa diversão de sobra.


Videogame e Skrillex: combinação perfeita.


Games na música eletrônica

Dentre as semelhanças entre os dois gêneros, a mais marcante é a utilização de instrumentos em comum, como o sintetizador e o sampler. O primeiro é uminstrumento musical eletrônico projetado para produzir sons gerados através da manipulação direta de correntes elétricas, fazendo o uso de um computador nesse processo. Já o sampler é um software ou um hardware feito para o armazenamento de amostras de áudio (samples) de arquivos em diversos formatos, de origem digital (WAV, Flac, MP3, etc.) ou analógica, que são armazenados em uma memória digital. Além disso, Djs, producers e compositores fazem uso de gravadores digitais e de softwares de composição.

Pra quem nunca viu, tá ai um sintetizador e um sampler (respectivamente).


Sendo, então, musicalmente parecidos, muitos são os músicos da área eletrônica que gostam da game music. O canadense Joel Zimmerman, mais conhecido como deadmau5, diz ter crescido ao som dos beeps dos games, demonstrando abertamente a sua adoração através de tattoospelo corpo. Em dezembro de 2011, na Spike Video Game Awards, o producer encontrou ninguém menos que Shigeru Miyamoto, que autografou seu antebraço. O músico, depois, perpetuou a assinatura em uma tatuagem.




Aposto que você não consegue não rir dessa cara do Miyamoto

Apaixonado pela série The Legend of Zelda, o canadense criou o remix “You need a ladder”, juntando o tema principal da série `a melodia principal de “Sofie needs a ladder”. A música é eventualmente tocada em seus shows.


Mas não só ratos curtem uma boa jogatina: ainda sobre a série do menino de capuz verde, o popular mixer de dubstep Skrillex (Sonny John Moore) criou um game próprio, chamado “Skrillex Quest”. Pixelado, o joguinho conta a história de uma poeira que caiu no chip de um cartucho e condenou todo o reino com glitches (falhas). A trilha sonora é inteiramente composta por músicas do DJ. Gostou? Você pode conhecer o game clicando aqui.


Além disso, o jovem também criou o remix Reptile, que compõe a trilha sonora de Mortal Kombat 9 (PS3, PS Vita e Xbox 360).



Você é remixer e gostaria de ver seu trabalho valorizado, ou simplesmente busca um lugar onde pode encontrar alguns remix de game music? O site americano OverClocked ReMix é uma organização dedicada `a apreciação e publicação de música de games como forma de arte. O site só hospeda músicas que passem por uma comissão de jurados, então a qualidade é garantida. Além disso, você encontra muita informação sobre game music e compositores, recursos para iniciantes e, ainda, tem contato com uma grande comunidade de fãs.

Seja no universo gamístico ou no eletrônico, em grande parte, uma coisa é certa: a qualidade musical é de primeira. Se você é daqueles que não considera esses dois ramos culturais como música, espero ter mudado sua opinião. Se mesmo assim sua opinião persiste, então...até mais pra você, te desejo o melhor sempre! só que não : )

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