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Shadow Warrior - Game Trashback




Todo fã de carteirinha de jogos de tiro em primeira pessoa conhece pelo menos um game feito com a engine Build. Desenvolvido por Ken Silverman, o motor gráfico tornou-se famoso na metade final dos anos 90 e apostava em novos recursos para o gênero, como a possibilidade de adicionar efeitos de altura nas animações e andares nos mapas, criando uma impressão tridimensional em um mundo basicamente 2D. Entre os jogos mais famosos que usaram a Build estão os que compõem a "santa tríade" da engine: Duke Nukem 3D (1996), Blood (1997) e Shadow Warrior (1997).  

Sim...é uma cabeça decepada
Pretendo cobrir toda a tríade com algumas análises por aqui no Comando Login, mas o nosso assunto de hoje é justamente Shadow Warrior. Criado pela prolífica 3D Realms (também responsável por Duke Nukem e pela própria engine Build), o game chama atenção por suas excentricidades. A trama inicial fala por si só: o protagonista é Lo Wang, um verdadeiro amontoado de estereótipos orientais, uma mistura de samurai, assassino e piadista. Sua missão é vencer o tirânico proprietário do maior conglomerado industrial do universo, Master Zilla e sua Zilla Corporation. Pronto para atrapalhar este objetivo, um verdadeiro exército infernal de monstros, demônios, robôs psicóticos e necromantes ensandecidos. E ainda não chegamos nem na metade. 

O grande diferencial do jogo está no uso intenso de humor e sarcasmo. Por exemplo, é comum que, no meio de uma carnificina, Wang demonstre sua concentração fazendo piadas ou cantando (pérolas como "Sayonara, idiota" e "gosto de armas nucleares", confira uma relação completa). Existe espaço até para referências a filmes cult e a outros jogos, como o súbito encontro com a carcaça de Duke Nukem presa em uma corrente no teto em um dos níveis. Pra aumentar ainda mais o grau de polêmica, a 3D Realms também colocou no jogo conteúdo sexual considerável (visto em garotas que parodiam os hentai japoneses). 

A espada é diversão garantida!
Mesmo o arsenal disponível para Wang é hilário. Começando por uma afiadkatana - fatiar inimigos é uma diversão à parte - e passando por shurikens, submetralhadoras e lançadores de granadas, todos os artefatos garantem imenso poderio para encarar as hordas do Master Zilla. Merecem destaque três, em especial: uma bazooka que pode gerar uma pequena hecatombe nuclear, um coração ainda batendo e uma cabeça, retirados de um infeliz inimigo, que ainda conservam alguns poderes mágicos agressivos. 

Mas não se deixe enganar, perspicaz gamer. Shadow Warrior é muito mais do que uma junção de "piadinhas de japonês". Os níveis oferecem bons desafios e muito tiroteio. Os fãs de shooters não me deixam mentir: poucas coisas são tão prazerosas quanto atravessar cenários repletos de monstros e ameaças hostis, descendo o chumbo em qualquer coisa que se mova.  

Além de tudo, Shadow Warrior ainda foi ambicioso ao lançar mão de recursos que eram usados de maneira primitiva e experimental, até então. O grande exemplo é a possibilidade de encontrar veículos e os pilotar livremente em certas fases (incluída aqui uma magnífica empilhadeira, pra acabar com a graça dos demônios). Também presentes estão os iniciantes tiros secundários, conferindo ampla variedade ao arsenal já citado. Por último, as famigeradas escadas "escaláveis", adicionando profundidade aos ambientes 2D. 





Em resumo, Shadow Warrior é um abandonware que recomendo fortemente. Você pode garantir uma cópia para download no GOG.com, com todos os patches pra rodar nas máquinas modernas, ou mesmo abocanhar a versão para iOS, se mobile é sua praia. O game reserva horas e horas de entretenimento brutal e barato, expressando claramente um momento de transição na indústria de jogos. Pavimentando uma estrada que começara com Wolfenstein e Dooma 3D Realms ajudou a aprimorar o conceito de shooters, um gênero que passaria, a partir dali, por diversas revoluções. Mas essa é outra conversa.  

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