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Nessa semana de Carnaval ironicamente vamos falar de coisa séria: ciberativismo, mais especificamente as petições e abaixo-assinados online. Em meio as notícias sobre os desfiles  das escolas de samba cariocas e paulista é possível encontrar diversos compartilhamentos da campanha pelo impeachment de Renan Calheiros da presidência do Senado Nacional. Frente a esta enxurrada de links, fica a dúvida: essas petições e abaixo-assinados online realmente funcionam?


O que é ciberativismo?

Ciberativismo (ou cyberativismo) é uma forma de ativismo realizado através de meios eletrônicos, como redes sociais, blogs e sites voltados especialmente a este fim. Segundo seus praticantes, o ciberativismo é uma alternativa à exposição nos meios de comunicação de massa tradicionais, vítimas do monopólio de opiniões. Também é uma forma mais livre de se expressar e tentar causar algum impacto.
Foi na década de 90, nos primórdios da internet, que surgiram os primeiros vestígios do ciberativismo. Entre  1995 e 1998, a revista americana "Z Magazine" ofereceu cursos online, em parceria com a Left Online University, cujo tema era "Utilizar a internet e sistemas eletrônicos para o ciberativismo."
O ciberativistas buscam apoio para suas causas (sejam elas ambientais, políticas ou sociais) através da internet e de outros meios midiáticos; através da divulgação e da promoção de debates, estabelece-se uma rede de solidariedade. Outros pontos que contam a favor do ciberativismo são o baixo custo e a eficácia com que se consegue uma resposta da comunidade virtual.


Os críticos do ciberativismo afirmam que os protestos se restringem ao ambiente virtual, caracterizando o slacktivism, conhecido no Brasil como "sofatismo" ou "ativismo preguiçoso", feito para aliviar a consciência pesada dos internautas; entretanto, não é isso que ocorre. Além da mobilização virtual, ainda é necessária a existência do ativismo real, completar à ação online. Ainda é necessário o comprometimento e conhecimento do ativista pela causa que defende e não apenas um clique qualquer.
Vários pesquisadores, como Don Tapscott e o brasileiro André Telles, já se dedicam a estudar a influência da internet e das novas gerações nas estruturas políticas e economicas. A internet vem cada vez mais se firmando como uma reprodução do mundo real, com suas próprias versões de comportamentos e ações que são muito semelhante ao que ocorre fora do mundo virtual, como, por exemplo, os abaixo-assinados na web.

Saem o papel e a caneta, entram o teclado e telinha

Desde 2007 surgiram vários sites especializados em abaixo-assinados online, sendo o principal deles a Avaaz.org, atualmente disponível em português. Avaaz, que significa "voz" ou "canção",  é uma ONG que foi lançada em 2007 com a missão de mobilizar pessoas de todo os países por um mundo mais próximo daquele que idealizamos.
A Avaaz já mobilizou milhões de pessoas no apoio a causas internacionais urgentes,  que abrangem desde pobreza global até os conflitos no Oriente Médio e mudanças climáticas. O modelo de mobilização online  utilizado permite que milhares de ações indivíduais, que podem até ser consideradas pequenas, ganhem o  poderoso apoio da coletividade. Operando em 15 línguas e contando com uma equipe profissional presente em quatro continentes e voluntários de todo o planeta, a Avaaz divulga petições, financia campanhas de anúncios, faz contato com governos, organiza protestos e eventos nas ruas. Atualmente são aproximadamente 19.252.000 membros espalhados por 194 países do globo, com 109.307.092 ações realizadas desde sua fundação.


A Avaaz é a a mais conhecida das organizações voltadas ao ciberativismo, mas também há várias inciativas nacionais neste sentido, como o pioneiro Petição Pública. Até o momento de sua fundação, em 2008, não existia um site nacional que disponibilizasse um serviço público para o alojamento de abaixo-assinados (também conhecidos como petições públicas) online. O objetivo do site é "constituir um serviço público de qualidade a todos os cidadãos brasileiros", uma vez que, até então, a grande maioria dos sites de abaixo-assinados online não estavam disponíveis em português, o que dificultava sua aderência no país. 
Os abaixo-assinados são um dos mais antigos métodos de participação popular na democracia; porém ainda há dúvidas quanto a eficácia de suas versões digitais. Na opinião de diversos especialistas (desde advogados, até cientistas políticos e estudiosos de mídias digitais) as petições online podem ser uma forma de pressão política tão eficiente quanto suas semelhantes tradicionais. E, assim como nos abaixo-assinados "reais", há a chance de não fazerem diferença alguma. Porém, basta olhar a página de destaques da Avaaz para descobrir que grande parte das ações tem sim resultado. Por exemplo: aposto que a maioria das pessoas não sabia que a aprovação Lei da Ficha limpa teve um dedinho da galera da Avaaz (foram mais de 2 milhões de assinaturas!!!). E o abaixo-assinado pela cassação do mandato do Renan Calheiros que eu citei lá no começo já atingiu mais de 1,4 milhões de assinantes em menos de duas semanas, o que já anima alguns dos principais movimentos contra a corrupção.

"Então eu posso criar abaixo-assinado pra tudo que eu quiser?"

Poder, até pode. Mas se não houver coordenação e fiscalização da campanha, ela logo cairá no esquecimento do Arquivo Geral. É devido a falta de organização que muitos projetos acabam esquecidos: não há comprometimento para levar a proposta até o fim. Nesse quesito a Avaaz se destaca: quando uma “petição online” é publicada no site, ela vai até o fim. 
Outro problema associados às petições online é que nada garante que todos as pessoas que a assinaram são reais, o que pode dificultar a sua legitimação.


Agora que você já sabe que seu apoio pode ajudar na resolução de várias causas, que tal dar uma forcinha para alguma com a qual você se identifique tipo convencer o governo a pagar as contas do Comando Login? Pior do que o sofatismo é a falta de mobilização. Basta um clique.

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