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"O Motivo" para ler Patrick Ness

Patrick Ness é o autor da série e também jornalista do The Guardian
nas horas vagas.
Conhecer os pensamentos dos outros sempre parece uma boa idéia em filmes e livros. SEMPRE! Você sabe sobre segredos, vasculha o passado do seu melhor amigo e em algum momento, alguém descobre seu poder super secreto. 

Mas não é assim em ‘O Motivo’ (no original, ‘The Knife of Never Letting Go’, e eu ainda não entendi o motivo do título em português) do escritor americano Patrick Ness. Até porque, Todd Hewitt, nosso protagonista de 12 anos, não tem amigos. Ele é a última criança da cidade de Prentissburgo e tem como único companheiro Manchee, um cachorro que o menino nunca quis. E não menos importante, o ruído. 

Em Prentissburgo, todos os habitantes tem o poder (que está mais para uma maldição) de ouvir o pensamento dos outros. A explicação? Uma guerra entre a raça alienígena do planeta e os homens que chegaram para colonizar o Novo Mundo, além de uma bactéria disseminada pelos primeiros. Mas nada disso explica a ausência das mulheres da cidade e o ruído assustador que cada morador produz, com um tom de fúria, medo e morte. O ruído que devo dizer é belamente ilustrado na versão em inglês.

Ruído ilustrado na versão em inglês. 

Todd espera entender a história de Prentissburgo (e ser um homenzinho, como ele mesmo diz) em 30 dias, quando completa 13 anos. A questão é que Prentissburgo é a única cidade do Novo Mundo e só os homens restantes são amaldiçoados (pelo que parece ser uma praga).

O problema é que Todd descobre um lugar no pântano em que os ruídos dos animais e dos homens são anulados por um silêncio desconhecido que assume a forma de uma garota. Mas ele nunca viu uma. Porque elas não deveriam existir no Novo Mundo.

Primeira nota, leitor, esse é um livro juvenil. Mas com uma dose maior de violência do que esperava de um livro do gênero. É uma distopia interplanetária (HA!) que mostra que nem tudo pode ser perfeito num novo mundo. A série ‘Mundo em Caos’, dividida em três partes, apresenta um universo em que as pessoas passaram a viver uma vida de sobrevivência, sem grandes esperanças de mudança. 

Todd Hewitt encontra outras pessoas pelo Novo Mundo. Inclusive, crianças e mulheres. Cidades inteiras. Mas também descobre que Prentissburgo é o lugar mais odiado e que talvez, ele também carregue um pouco desse ódio.

Motivo para não ler: O português coloquial? Como Todd é semianalfabeto e o livro reflete todo o ruído da mente dele, isso pode incomodar alguns. O ritmo corrido, que entrega a história aos poucos e geralmente com um choque (de raiva ou alegria) pode não agradar a todos. Até porque, os momentos de calmaria são poucos. O livro não acaba por aí e existem mais dois volumes (com a mesma intensidade e número de páginas, pense nisso!).

Motivo para ler: O ritmo. A forma como o Novo Mundo é descrito, num lugar que tem toda a atmosfera de planeta Terra, mas na verdade, acontece num futuro distante e não-promissor. Todd é um personagem que passa de profundamente odiável para querido com as pequenas atitudes. É engraçado ver como ele ‘cresce’, mas na visão dos outros ainda não é um homem. Ah! E tem o fator de que o filme sai em 2014 e por que não ler antes de sair a adaptação?

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