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Game de Ponta - Game of Thrones





Winteriscoming.


E foi numa tarde fria e chuvosa de maio, num outono que insistia em me lembrar que o inverno estava chegando, que a campainha toca e o carteiro entrega meu exemplar do novo jogo de GameofThrones.No momento, a primeira coisa que pensei foi “caralho, justo na semana que tô atolado de trabalho pra facul essa merda tem que chegar?” Mas então lembrei que tinha passado o dia inteiro deitado na cama e nem havia começado a fazer nenhum dos trabalhos. Afinal, que é um peido pra quem tá cagado? E rapidamente instalei o jogo que me custaria o sacrifício de mais algumas boas horas – caridosamente perdidas, diga-se de passagem - de minha vida.
Eu acredito que todo mundo que está lendo já sabe o que é GameofThrones, até porque se não soubessem duvido que tivessem parado para ler um texto com mais de 5 linhas sobre isso. Mas um dia me disseram que é sempre bom contextualizar o seu texto, então, como um pouco de precaução, conselho de vó, canja de galinha, cerveja gelada, torta de bacon e cianeto não faz mal pra ninguém, vamos perder um pouco de tempo para contextualizar possíveis leitores perdidos e que foram seduzidos por minha genialidade.


Para quem não conhece, GameofThronesé o nome pelo qual ficou mais conhecido a série de livros de George R.R. Martin, ASongofIceandFire.AGameofThronesé na verdade apenas o nome do primeiro livro da série, que já conta com 5 lançamentos e promete ser finalizada pelo autor no sétimo. É também o nome da série produzida pela HBO, que serviu para popularizar ainda mais o trabalho do escritor americano e que, em minha arrogante opinião, é a melhor adaptação de uma obra de fantasia já feita, superando até mesmo o SenhordosAnéisde Peter Jackson. Em resumo, é uma série de livros fodas que deram origem à um seriado super-hiper-mega-blaster-foda. Simples assim.


Lógico que esse não é o primeiro jogo de uma série que já é sucesso absoluto desde que o primeiro livro foi lançado, em 1996. Em 2011, a própria Cyanide Studios já havia lançado um jogo da série. Intitulado AGameofThronesGenesis,era um RTS que contava várias histórias anteriores aos livros, como a dominação do continente de Westeros pela família Targaryen. Não vou entrar nos méritos os não desse jogo, porque não tive paciência para jogá-lo. Só sei que fiquei frustrado; frustrado porque, sempre que anunciam um jogo sobre uma série com temática medieval, o que eu espero é um RPG hackandslashpara animar minhas tardes. É muito clichê, eu sei, mas eu realmente gosto dessa ideia.


E também, principalmente, porque eu odeioqualquer jogo RTS.


E então vem a Atlus e recupera a minha fé na indústria do videogame. É claro que eles tinham que ser clichês uma hora ou outra; claro que ainda iriam lançar um RPG de GameofThrones.E o fizeram. E, para minha surpresa, muito mais cedo do que eu imaginava. Mais precisamente, nem um ano depois do RTS da mesma Cyanide ter saído no mercado.


Assim como no primeiro jogo, o RPG de GameofThronestambém tem o início de sua narração antes dos eventos do livro e da série de TV. Mas, ao contrário de seu título antecessor, não tão antes; o jogo não se passa mais em acontecimentos 300 anos antes da história que conhecemos, mas apenas 3 meses, mais exatamente na época em que Jon Arryn descobre que os filhos da rei Robert na verdade nãosãodele (não, eu não vou ficar explicando personagem por personagem e plotpor plotaqui; se você ainda não sabe do que eu to falando, vá ver a série ou, melhor ainda, ler os livros. Um pouquinho de cultura – mesmo que inútil – não faz mal a ninguém), e segue em paralelo aos eventos do primeiro livro da série, tendo o final de seu gameplay durante a execução de Ned Stark. Num estilo que lembra um pouco o LordoftheRings:ThirdAgepara PS2, em GameofThronesvocê também não controla nenhum personagem conhecido da história, mas sim dois novos, com histórias próprias que em vários momentos se entrelaçam com a narrativa do livro.


O jogo segue um esquema de divisão de capítulos, bem parecidos com aqueles usados pelo escritor. Cada capítulo conta a história do ponto de vista de um dos dois personagens jogáveis: Mors Westford, antigo nobre que, por cometer um ato de insubordinação, é condenado à passar o resto da vida servindo como Patrulheiro na Muralha; Alester Sarwyck, que devido à vergonha abandonou sua vida como herdeiro da cidade de Riverspring para fugir de Westeros e se tornar um clérigo de R'hllor, e que retorna, 15 anos depois, com a notícia da morte de seu pai, apenas para encontrar sua cidade natal em profunda crise. Conforme a história avança, logo se descobre que existe uma ligação profunda entre o drama de ambos; drama esse que talvez nem a morte consiga dar um fim.


Além desses dois, GameofThronesapresenta muitos novos personagens em sua história, como Arwood Harlton, lorde da cidade de Castlewood, Vallar Rivers, filho bastardo da Casa Sarwyck e meio-irmão de Alester, e Jeyne, uma bastarda da Casa Targaryen que carrega em seu útero o filho do Rei Robert. Mas não são apenas personagens desconhecidos que compõe o novo jogo de GameofThrones;em vários momentos você esbarrará com velhos conhecidos dos fãs da série, como o Chefe dos Patrulheiros Jeor Mormont, a Rainha Cersei Lannister, e o eunuco Varys, todos modelados à semelhança dos atores que dão vida a esses personagens no seriado da HBO, conferindo uma atmosfera de reconhecimento e aumentando nossa imersão nesse universo.


Quanto à jogabilidade, GameofThronestraz algumas inovações: ao invés do “feijão com arroz” básico de jogos classificados como RPG/Ação,como no caso de TheWitcher2e a série Fable,em que um botão ataca, outro defende e um terceiro é o golpe especial, GameofThronescria um sistema próprio bem diferente dos demais jogos. Ao invés de um combate em tempo real, temos uma espécie de “menu real time” que de certo modo faz lembrar do sistema de gambits em Final Fantasy XII. Cada personagem possui uma espécie de “reservatório” de três ações (com exceção do cachorro de Mors, que só pode executar uma ação de cada vez), e essas três ações podem ser “agendadas” em três categorias: Ataque (há um botão específico para o comando de ataque simples), recharge (uma espécie de posição defensiva em que o personagem recarrega mais rápido sua barra de especial) e o botão de habilidades especiais, que ao ser pressionado aciona a função activeslowdown (talvez a grande novidade do jogo, essa função deixa toda a ação em câmera lenta) e abre o menu com as habilidades especiais do personagem. Esse sistema de combate, que parece um tanto confuso no início (e até mesmo na tentativa de explicá-lo) permite que se crie combos destruidores, tornando até mesmo os “chefes” presa fácil de suas habilidades, e deixando o jogo quase que sem desafios quando consegue se acostumar com ele. Além disso, a barras de energia e de especial são recuperadas ao final de cada luta, permitindo que se enfrente mesmo os adversários mais simples como se fossem chefes de fase e os use para descobrir novas combinações e combos de habilidades sem receio.


Quanto aos gráficos, não são assim uma Brastemp; longe da qualidade quase que “mundo real” dos games atuais, lembram muito mais os primeiros jogos que saíram para Xbox-360, quando ainda não haviam desenvolvido toda a capacidade do console. Mas, hey! Bons gráficos quer dizer que não precisa de um PC tão potente para que o jogo funcione, o que é uma boa notícia para gamers pobres com PC mais ou menos.


No final das contas, Game of Thrones é um bom RPG, com uma boa premissa, baseado em uma ótima série. E que, muito provavelmente, estará fadado ao fracasso.


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