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The Walking Dead – A arte na HQ



O ano era 2003, em meados de outubro, quando todos aguardavam ansiosamente o lançamento em dezembro do último filme da mais famosa obra deTolkien: O Senhor dos Anéis. Um jovem escritor, funcionário até então da Marvel Comics, Robert Kirkman, resolveu recriar uma história de zumbis. Nada de supermortos-vivos, mais ágeis e fortes que um quarterback norteamericano. Para Kirkman, a história de um apocalipse é a história do ser humano, a história da sobrevivência e, sobretudo, da morte. A história de The Walking Dead nasce muito antes de 2010, quando o autor leva sua obra-prima para a Fox. Ela começa nos quadrinhos.

Criador de polêmica

Robert Kirkman e sua obra prima
Kirkman começou seu trabalho na virada do século com a produção de uma HQ, talvez, mais polêmica que a dos mortos-vivos. Em Battle Pope, o autor conta a história do papa Oswald Leopold II, quem tem superpoderes, para salvar um mundo dominado por demônios. Nessa estreia, Deus condena a humanidadee abre as portas do inferno para que os demônios façam o seu julgamento final. Depois de morrer, o papa é mandado de volta à Terra com superpoderes para garantir a paz. Detalhe, Oswald é alcoólatra. Uma HQ que mistura religião, superpoderes e polêmica.
Ainda em 2000, começa a parceria com Tony Moore, ilustrador que criaria os contornos de The Walking Dead, e, também, uma vida de atrito com o parceiro. Os dois juntos criaram a empresa Funk-o-Tron, pela qual publicaram 14 edições da revista. Essa empresa durou dois anos, quando então virou um site para promover os produtores. (clique aqui para acessar o site)
Dois anos depois, já contratado pela Marvel Comics, Kirkman ajudou na produção de um re-boot da série X-Men, com certa modernização dos personagens, chamada Ultimate X-Men. O autor escreveu entre as edições 66 e 93 da HQ.

O início da vida e da morte

Em outubro de 2003, Kirkman resolve que o mundo pós-apocalíptico merece uma história diferente da contada por filmes, games e até pelas história em quadrinhos. Ele percebeu que, se ficasse na mesmice de grandes heróis com poderes fora do normal lutando contra uma horda de zumbis, não faria sucesso. Apesar de tratar dos mortos-vivos, Walking Dead trata do ser humano levado a suas mais íntimas emoções e instintos. O que o homem é capaz de fazer no desespero pela vida, na tristeza da morte?
Kirkman destrói a ética dos personagens, os leva às últimas consequências, transformando o mocinho em assassino, o ladrão em salvador. Convida o leitor a se questionar: onde termina o bom e começa o mau? Chama, na empatia dos personagens, a pensar: no lugar deles, o que você faria?
Os traços de Moore e, após a sétima edição de Charlie Adlard, são carregados, às vezes pesados e, talvez, agressivos aos olhos. Na junção do texto de Kirkman, levam o leitor a sentir o cheiro da carniça semimorta; não só o desespero claustrofóbico da quantidade de zumbis, mas também a sujeira da vida desorganizada, em que uma prisão parece o maior dos confortos.
Diferente da série, os personagens nos quadrinhos vão a limites muito além do que a televisão permite. É mais sangue, mais intrigas, mais cenas impressionantes de personagens como o pequeno Carl e, principalmente, Michonne.

Os mortos-vivos de hoje

Na última edição, os personagens....bem sem spoilers. Já na 107ª edição, separadas em 18 volumes encadernados, a série invadiu a TV em 2010, e desde então é sucesso absoluto. Para garantir a qualidade, o próprio Kirkman é quem comanda a adaptação do impresso para o audiovisual.  
The Walking Dead não só é um dos mais premiados HQs da atualidade, como também tem alguns dos personagens mais carismáticos da história dos quadrinhos. Em 2011, Rick foi considerado pela IGN como o 26º melhor personagem de quadrinhos de todos os tempos. Ainda na mesma lista, Michonne pegou 86ª posição.
A fama de Kirkman com os zumbis lhe rendeu tanto know-how que, em 2005, ele foi chamado para escrever cinco volumes de uma versão zumbi dos personagens Marvel. 
Além da HQ e série de TV, The Walking Dead ainda foi parar nos games e levou o melhor do ano na última Video Game Awards. Para conhecer o jogo, veja o Game de Ponta aqui.


Polêmica de direitos autorais

No início de 2012, após o sucesso da série na televisão, Tony Moore resolveu entrar com uma ação contra Kirkman relacionado a direitos autorais. O ilustrador afirma que criou a série junto com Kirkman, e que foi coagido a assinar um contrato transferindo os direitos da série para o escritor. Não fosse apenas isso, ele ainda afirma que não foi pago nem pela HQ e nem pela série de TV. Na época, o advogado de Kirkman disse que seu cliente não devia nada ao ilustrador. Moore produziu e desenhou o HQ até a sexta edição, e foi responsável pela arte das capas até o número 23. 
Somente em setembro do ano passado os dois entraram em um acordo, em que afirmaram que ambas as partes estão satisfeitas e continuarão seus trabalhos particulares. Atualmente, Moore está na produção de uma nova história de Deadpool para a Marvel Comics. The Walking Dead segue sendo desenhado por Charlie Adlard.



E, aí, vale a pena?

Sim, a HQ de The Walking Dead vale cada centavo. Mas por que investir em algo que é de graça na série? Os quadrinhos trazem muito mais da história, personagens com características diferentes, mais profundos e, claro, em outra plataforma. Para quem gosta de um bom quadrinho, essa é uma recomendação boa.
Atualmente, ele é vendido no Brasil pela Editora HQM, com o nome de “Os Mortos-Vivos”. Cada volume, com cerca de 150 páginas, sai por uma média de 30 reais. Repetindo, vale cada centavo.






Já leu, conhece e gosta da HQ? Conta para gente sua experiência nos comentários desse post.      

 
Por Wagner Alves/Shakira

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